OS INUSITADOS CAMINHOS DA TOCHA


Tocha descerá de rappel da ponte JK, em Brasilia - Ailton de Freitas / Agência O Globo



 Para cumprir a jornada de 20 mil quilômetros por terra, quase 10 mil quilômetros em voos, passando por cerca de 330 cidades no Brasil, a tocha olímpica se revezará nos braços de 12 mil condutores, desde sua chegada à capital federal, hoje, até acender a pira no Maracanã em 5 de agosto.

— Queríamos que o revezamento passasse por todos os estados e por todas as capitais, começando por Brasília. Partimos desse mapa para incluir cidades que pudessem receber cerca de 300 a 400 pessoas, que tivessem infraestrutura para esse comboio todo, em eventos de 10 a 12 horas. As cidades onde a chama vai dormir precisariam ter capacidade de acomodação. Além disso, pensamos em locais com importância histórica e que representassem o Brasil da melhor maneira possível. Queremos mostrar cidades com perfis diferentes, mostrar a nossa diversidade — conta Leonardo Caetano, diretor de cerimônias da Rio 2016.

Em um país de dimensões continentais, diversidade cultural e geográfica tão notórias, o roteiro pelo Brasil promete cenas memoráveis. Além do comboio, cuja formação básica tem15 veículos que acompanham os condutores da tocha e corredores de segurança, em muitos trechos será comum o uso de transportes alternativos, por vezes inusitados. Cenas da tocha sendo conduzida por rapel, carro de boi, skate, carrinho de rolimã, canoa, barco a vela, ou de pesca e até parapente serão protagonizadas nos próximos três meses.






Brasília recebe a tocha com roteiro digno de filme de aventura. No elenco, 141 condutores. A tocha desce de rapel na Ponte JK, atravessa o Lago Paranoá de lancha, faz baldeação para uma canoa havaiana até ser recebida no Pontão. Volta de rapel em helicóptero do Exército, para o grand finale no estádio Mané Garrincha (um dos seis onde serão disputadas as partidas de futebol dos Jogos). À espera do tocha, estarão um condutor e crianças com bandeiras dos países.


Parapente é uma das marcas registradas de Governador Valadares - Divulgação / Agência O Globo



De Brasília até Paulo Afonso, na Bahia, a tocha visitará os estados de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco. Pirenópolis recebe a tocha amanhã, e a leva para mais aventuras em rapel, na cachoeira do Abade, arvorismo e balão (cativo) no Rio das Almas.

REVOADA DE PARAPENTES

O balão prepara o terreno para Governador Valadares (11/5). O condutor da tocha salta do Pico do Ibituruna, acompanhado por 20 parapentes, e o Rio Doce a compor a paisagem.

Uma passagem por Minas Gerais não se completa sem suas cidades históricas e, antes de se despedir do estado onde visita 34 localidades, a tocha viaja de maria-fumaça entre São João del Rey e Tiradentes (15/5).

No Espírito Santo, mais emoção. Em Vitória (17/5), o comboio do revezamento encara verdadeira maratona: cadeira anfíbia, stand up paddle, skate, barco e bicicleta.


O comboio chega à Bahia como Cabral, pelo sul. Visita Porto Seguro, Arraial d’Ajuda e Santa Cruz Cabrália. A região abriga a Reserva da Jaqueira, da tribo Pataxó. E o primeiro revezamento de Porto Seguro acontecerá no Marco do Descobrimento (19/5), com um índio a caráter conduzindo a tocha. Dali, segue para Itacaré e Cairu, em Morro de São Paulo, para onde será transportada de lancha (22/5) e há uma tirolesa prevista.


Passagem da tocha pelo Elevador Lacerda é um dos pontos altos em Salvador - Jota Freitas / Jota Freitas



Em Salvador (24/5), a tocha rouba as atenções de todos os santos ao descer pela fachada do Elevador Lacerda de rapel. No Dique do Tororó, ganha a bênção dos orixás. A celebração final será no Farol da Barra. Na chegada a Paulo Afonso (27/5), a aventura olímpica prevê salto de base jump de helicóptero, com a tocha presa ao peito do condutor. Rapel na ponte do complexo hidrelétrico e barco antigo estão no roteiro. No caminho, já terá passado por Petrolina e Cabrobó, em Pernambuco.