Betty Cuthbert foi a campeã dos 100m - Acervo
Duração: de 27 de novembro a 8 de dezembro
Atletas: 3.314
Alguns ineditismos na história
olímpica estiveram presentes nos Jogos de Melbourne, na Austrália. Foi a
primeira edição no hemisfério sul (a cidade ganhou a disputa com Buenos Aires),
o que jogou as competições para os meses de novembro e dezembro, para
aproveitar o início do verão australiano. Mesmo assim, a Olimpíada não saiu
completamente da Europa: por causa da rigorosa legislação na Austrália, que
impedia a entrada de cavalos estrangeiros no país, o torneio de hipismo
aconteceu longe, em Estocolmo, na Suécia, em julho, meses antes do restante dos
Jogos.
Esse não foi o único contratempo
da competição. Muito pelo contrário. Os Jogos de Melbourne aconteceram num
período em que vários conflitos aconteciam, e eles refletiram na Olimpíada: em
protesto contra a intervenção de França e Inglaterra no Canal de Suez, Egito,
Iraque e Líbano decidiram não participar dos Jogos. Os sucessivos conflitos na
África do Norte, onde alguns países travavam luta por independência, também
tiraram delegações da Olimpíada. Já a China justificou sua ausência como
protesto contra a inclusão de Taiwan nos Jogos. Por fim, Espanha, Holanda e
Suíça também boicotaram o evento esportivo por causa da invasão da União
Soviética na Hungria, àquela altura já com tanques na capital Budapeste.
O curioso é que o torneio olímpico
de polo aquático reservou justamente um Hungria x URSS na tabela. A partida era
vencida pelos húngaros por 4 a 0 quando houve uma briga generalizada entre
jogadores, comissões técnicas e até dirigentes dos dois países. O resultado da
pancadaria é desconhecido, mas a Hungria passaria pelos soviéticos e acabaria
campeã na modalidade.
Para os atletas brasileiros, era
caro, e nada fácil, atravessar o globo para chegar à Oceania nos anos 1950. O
país foi representado por 48 competidores, menos da metade da delegação de
quatro anos antes, em Helsinque, na Finlândia. Havia apenas uma mulher, Mary
Dalva Proença, que ficou em 16º na prova de plataforma dos saltos ornamentais.
Destaque mesmo, mais uma vez, foi Adhemar Ferreira da Silva, que se sagrou
bicampeão do salto triplo, um feito que levaria 48 anos para se repetir — em
Atenas-2004, os velejadores Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, e
os jogadores de vôlei Maurício e Giovane também se tornaram bicampeões
olímpicos.
A grande estrela individual foi a
velocista da casa Beth Cuthbert, apelidada de “golden girl”, que abiscoitou
três ouros nas provas de 100 m, 200 m e 4x100 m, no atletismo. Nos esportes
coletivos, o time de basquete dos Estados Unidos elevou à máxima potência sua
superioridade sobre os demais: os americanos marcaram mais que o dobro de
pontos de seus rivais nos Jogos, vencendo por mais de 30 pontos todas as
partidas.
No quadro de medalhas, porém, a
URSS ficou em primeiro no geral, acabando com o domínio americano.
CURIOSIDADES
Um boxeador na estiva
Com o ouro na categoria
meio-leve, o húngaro Laszlo Papp se tornou o primeiro boxeador da história a
ganhar três ouros consecutivos. Sem condições de apenas se dedicar ao boxe, ele
alternava o esporte com a profissão de estivador.
Juntos
Pela 1ª vez, os atletas
desfilaram misturados na cerimônia de encerramento, o que se tornou uma
tradição olímpica.
Estraga prazeres
Apesar de os Estados Unidos
dominarem as provas de atletismo, um russo conseguiu estragar a festa nos 5.000
m e nos 10.000 m: Vladimir Kuts. Com o ouro nas duas provas, ele repetiu o
feito do tcheco Emil Zatopek nos Jogos de Helsinque-1952.