Encontro dos rios Negro e Solimões compõe a paisagem por onde o revezamento passará na região Norte - SERGIO MORAES / REUTERS
O trajeto do revezamento da tocha no Brasil não chega a ser o mais
extenso, comparado às gigantes China e Rússia, conta Leonardo Caetano, diretor
de cerimônias da Rio 2016. Em contraste, porém, o país oferece o maior desafio
logístico:
— De Fortaleza para Recife há apenas uma estrada. E, imagine que temos
pela Região Norte deslocamentos aéreos. À medida que chegamos à Região Sudeste,
com viagens terrestres, o desafio e passa a ser o controle do público, mais
gente, questões de trânsito e etc — detalha Caetano.
Dentro do desafio logístico estão os trechos que ligarão 13 cidades nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste pelo ar. Estes deslocamentos serão
feitos em um A-319 da TAM, adesivado, com capacidade para 174 passageiros —
leia-se: a delegação que cuida e acompanha a chama olímpica. Teresina, Palmas,
São Luís, Imperatriz, Belém, Macapá, Santarém, Boa Vista, Manaus, Rio Branco,
Porto Velho, Cuiabá e Campo Grande estão nesse timetable.
Diretor operações e treinamento da TAM, o comandante Harley Meneses
cuidou pessoalmente dos detalhes do transporte aéreo, desde o voo que foi
buscá-la em Genebra às ligações domésticas.
— Comunicamos à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que faríamos
esse transporte, exatamente como é preciso fazer para tudo o que sai um pouco
da operação do dia a dia. Fizemos uma análise de risco detalhada, elencamos os
problemas que poderiam acontecer (com a chama) e as ações mitigadoras para que
o voo saia em segurança — explica o piloto.
A tripulação nestes trechos domésticos segue o padrão de voos regulares:
dois pilotos e quatro comissários.
— Eles tiveram aula de familiarização sobre a tocha, mas para eles, é um
voo normal — diz Meneses.
Aterrissando na Região Norte, a tocha chega a Belém (15/6) e segue a cada
dia por uma capital: Macapá, Santarém, Boa Vista até Manaus (19/6). Rio Branco
recebe a tocha no dia 21 de junho. Em seguida, vêm Porto Velho e Cuiabá, em
Mato Grosso (23/6), no Centro-Oeste. Mas não é só de avião que a tocha circula
pelas áreas mais remotas. Em Macapá, Santarém e Boa Vista, condutores a
aguardam para passeios de barco e bicicleta. Em Boa Vista (18/6), as tradições
indígenas roubam a cena. Do aeroporto, a tocha seguirá de helicóptero até a
comunidade indígena de Campo Alegre, onde será recebida com dança típica. A
condutora, D. Lourdes, é a moradora mais antiga da comunidade e descendente de
indígenas. O trajeto inclui passagem em barquinho no Rio Branco rumo ao píer da
Orla Taumanan.
A tocha chega ao Acre em voo de Manaus a Rio Branco (21/6). No dia
seguinte a chama viaja para Porto Velho, onde visitará comunidade pesqueira às
margens do Rio Madeira. Dali, vai para Cuiabá e parte em excursão pantaneira.
Ali, o comboio busca gerar imagens da condução da tocha emolduradas pelo nascer
do sol no Pantanal. No Portal da Transpaneira será encenada uma representação
das cavalhadas (que ilustram disputas entre mouros e cristãos).
Seguirão para Nobres, de helicóptero. As águas cristalinas do Aquário
Natural e a Lagoa Azul serão cenário para poses com a tocha em meio aos peixes.
Na Chapada dos Guimarães, a tocha passa pela cachoeira Véu da Noiva e desce de
rapel. O retorno é por Cuiabá, até Campo Grande (25/6), onde o revezamento
acontece com celebração no Parque das Nações Indígenas. Dentro do parque, a
tocha será conduzida em canoa indígena em um lago. O público poderá assistir à
celebração no gramado. O roteiro inclui ainda passagem por Bonito, visitando o
Aquário Natural e a Gruta do Lago Azul, com celebração na praça central.